A decadência não é minha, embora dia desses um estrupício mal saído do penico - meio constrangido, ao menos isso - demonstrou que a física caminha decidida, oferecendo-me o assento preferencial no metrô. E da minha elegância ou da falta dela eu não falo, porque a noção que me falta não falta tanto.
Sigamos, ou sigo eu na domingueira corriqueira. Saberás da Higienópolis e da Maria Antônia mais tarde. Saiba do aumento dos cachorros de rua e que tem um renhido protetor de seu território na Ipiranga. Soube vendo do Santa Ifigênia que o boulevard não está fechado para eventos privados; souberam os vizinhos do Vale, fiadores da fé no Centro, do gostoso de uma noite de sono. Saberemos talvez quem sabe se o pessoal das filmagens mandou bem no Sampaio Moreira. "These pretzels are making me thirsty!", você sabia?
Botaram uma ciclofaixa na Rui Barbosa e Treze de Maio! Subo e desço da Santo Antônio a Oswaldo Cruz desviando da madrugada espalhada. A Dom Orione, não é de hoje, se esparrama até o Zaccaro e o Adoniran na esquina me ajudando os pedestre. Pertinho, quase em frente, vem de longe as segundas de cinema italiano de graça no Denoy de Oliveira. Do viaduto facilitado, desvendo o morro dos Ingleses, o mistério do cinco estrelas, o rapto do garoto de ouro e entendo porque um cadáver ouve rádio. Foi o Marcos Rey!
Entretido com o bairro, esqueço que no Bixiga está o meu destino, ou motivo: assuntar sobre o sumiço na São Domingos, a padaria da Vera gata calabresa e do seu bambino Robertino, do pão de azeite, suruba calórica gastronómica, um deleite de outrora - dedos, beiço, volante, câmbio e banco do carro, tudo lambuzado! Lambuzado, paro assim que passo o boteco mais desgraçado, ocupado por um povo desmazelado, inventado num sobrado desfigurado, num enclave descarnado entre a Consolação, a Cesário Mota e o elevado.
Não terá saído de lá o garçon todo de preto, desestruturado entre celular e calçada, em frente ao colorido do Lausanne. Acho bonito e acho de alertar, menos por altruísmo, mais por endorfina, para o telefone. Demi blasé, me ignora o todo chapado. À frente, com o Prudência entre a gente, vem o baque: um maluco de parangolé de forração derruba o desavisado. Olha a faca! Menos por altruísmo, mais por endorfina, faço que reajo, mas não faço, não sou o Clint Eastwood. Para o taxista e os porteiros, mais um calo. A decadência é nossa.
Uma vez andando ali pela Augusta um maluco (não só na forma carioca de se referir às pessoas) começou a gritar comigo. Ele segurava um plástico preto e uma faca; pois esfaqueou o plástico preto enquanto gritava sei lá o que comigo. Sinto até hoje que aquela facada me acertou.
Uma vez andando ali pela Augusta um maluco (não só na forma carioca de se referir às pessoas) começou a gritar comigo. Ele segurava um plástico preto e uma faca; pois esfaqueou o plástico preto enquanto gritava sei lá o que comigo. Sinto até hoje que aquela facada me acertou.
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